O Sonho
Postado por
Maria Sá Carneiro
em terça-feira, 18 de março de 2008
...
Quantos anos esperei ter-te, Sonho da vida inteira!!
Tardaste tantos anos!
Tantas vezes me deitei à tua espera... Fechava os olhos, devagar, devagarinho, à espera que me invadisses docemente...
Como dizem, mais vale tarde do que nunca, senti que ias chegar nesse dia, cama lavada, pijama novo, fechei os olhos... Comecei por sentir o teu cheiro, um odor agradável a maresia, um ruído ao longe das tuas ondas, fortes, cheias de força.
Tantas formas tens, tantos cheiros!...
Lembras-me as torradas de pão da Avó com manteiga, acúçar e canela. O frango com natas da Tia Isabel, o cheiro do mar no molhe, o pôr-do-sol entre uma SuperBock e um charro. A mãe cheirosa que sempre sonhei, com o seu beijo, no meio do sono, o seu sorriso, a contemplar-me durante o sono.
Lembras-me o cheiro da terra, da relva cortada pelo Tio, de Barcelos, seguramente o período mais feliz da minha infância.
A vida foi correndo!
Imaginei-te num casamento que não deu certo. Encontrei-te nos nascimentos das míudas, nas suas primeiras palavras, nos seus primeiros passos.
Teimavas não chegar só para mim. Como sempre imaginei, como sempre me fizeram crer que tinha direito.
Teimavas não chegar só para mim. Como sempre imaginei, como sempre me fizeram crer que tinha direito.
Passaram muitos figurantes...
De alguns deles só guardo uma imagem difusa, de outros um sorriso, uma flor maior... mas nada demais que me faça suspirar como suspiro por ti, Sonho...
Como esperei por ti toda a vida!
Já tinha desanimado, perdido a esperança, que nunca me virias visitar.
Vieste num dia frio de Inverno, num dia que me deitei cansada, mas pensando, agora suavemente animada. Adormeci embalada por um bom jantar, dois copos de planalto, uma boa lareira.
Chegaste devagar, terno, embalador, entrelaçaste-te no meu sono, abraçaste-me. Não sei definir bem a tua cor, o teu cheiro, mas embalaste-me numa esperança doce e segura, que jamais me voltaria a sentir sozinha e triste.
Senti-me menina outra vez, mas protegida, segura, feliz mesmo!! Não a menina desesperada da vida inteira...
Como me senti bem, encostada ao teu peito, o colo que procurei desde sempre!...
Amada, desejada, protegida, feliz!
Deste-me, nessa noite tudo, o que sempre sonhei, os meus desejos da vida inteira.
Paz, segurança, colo, amor, esperança, dormi, "vivi", nessa noite, uma paz...
Vieste num dia frio de Inverno, num dia que me deitei cansada, mas pensando, agora suavemente animada. Adormeci embalada por um bom jantar, dois copos de planalto, uma boa lareira.
Chegaste devagar, terno, embalador, entrelaçaste-te no meu sono, abraçaste-me. Não sei definir bem a tua cor, o teu cheiro, mas embalaste-me numa esperança doce e segura, que jamais me voltaria a sentir sozinha e triste.
Senti-me menina outra vez, mas protegida, segura, feliz mesmo!! Não a menina desesperada da vida inteira...
Como me senti bem, encostada ao teu peito, o colo que procurei desde sempre!...
Amada, desejada, protegida, feliz!
Deste-me, nessa noite tudo, o que sempre sonhei, os meus desejos da vida inteira.
Paz, segurança, colo, amor, esperança, dormi, "vivi", nessa noite, uma paz...
Uma noite de felicidade, mudaste a firmeza do meu sorriso, deste-me cor, reacendeste a minha alma amargurada, até então!
Foram momentos... mas momentos que ficarão comigo até ao fim dos meus dias.
Tornaste-me mais humana, mais viva, mais brilhante!
Se não for pedir demais, visita-me antes de eu partir.
Assim partirei em paz!!
Maria Sá Carneiro
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