Queria ser capaz de olhar-te de frente, queria conseguir fixar-te!
Olhos reflectidos nos olhos orgulhar-me da imagem reflectida.
Essa imagem é grande demais para mim, essa não posso ser eu!
Imagem construída pelo tempo, pela necessidade de disfarçar a imensa solidão que sinto.
Esse buraco negro que tenho cravado no peito desde criança, que nunca foi preenchido.
Ilusões fantasiadas pela dor, personagens e figurantes com mais ou menos porte, enfeitadas com mais ou menos berloques, mais coisa menos coisa.
Mas foram ilusões do meu desgosto, personagens temporárias ou figurantes com etiquetas de falhanço estampadas no rosto.
Alguns momentos fugazes de esperança, risos contidos e corpos suados, mas que nunca chegaram sequer a aquecerem a alma.
Castelos de areia construídos por força dessa solidão, essa dor de abondono que vive comigo desde que me recusaste o colo que julguei meu.
Procurei-te em tanta gente, em gente má e boa, entreguei-me na esperança de te encontrar, prestei-me a ser usada, fui usada e abusada!
Prestei-me a isso, multipliquei-me em atenções e gestos, dei-me por dor, dei-me na esperança, enfim….
Quero acreditar nessa fantasia de menina que o amor é incondicional, que vale a pena continuar a lutar, mas o desânimo às vezes visita-me…
Tenho que aprender a viver com esse buraco, antes que ele tome conte de mim!