Inquietude!
Postado por
Maria Sá Carneiro
em terça-feira, 21 de abril de 2009
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Alguém me disse que eu tinha em mim inquietude, gostei! Costumam dizer-me um milhão de vezes “tem calma”, não te enerves, vai devagar…
Inquietude gostei, assim como se fosse uma busca em mim de mim, de mim nos outros, por aí, na lua, no sol, no mar, onde esteja a força da vida, a corrente da paixão, o brilho!
O pedido “calma” desperta-me angústia, juízo de valor, critica de ânimo leve, inquietude fez-me soar uma campainha, um alarme.
Inquietude acorda em mim, um bicho que me desperta para a vida.
Como se eu fosse feita de fases como a lua, umas bonitas, com brilho, outras definhando à procura do resto.
Fez-me sorrir porque a vida corrida faz-nos um bocado de disto, daquilo, tantos sonhos e esperanças, transformadas em “no possível”, na conta do banco, na crise, na precaução, e como eu não gosto dessas amarras e tantas outras!
Certos assim vamos indo num caminho que se vai estreitando conforme a idade vai avançando, num passo desacertado com um ar acertado, mas mil vezes com a alma em pedaços.
Muitos de nós não somos só esse produto mal acabado em que a vida nos transformou, somos carne, somos paixão, dor, alma e ardor.
Com um ar acelarado para não notarem o nosso ar aparvalhado, seguimos num caminho contrário, à nossa essência, à verdade da nossa alma, e ao gemer do nosso coração.
Afinal quem nos pode julgar, tanta exigência social, tantos deveres, tantas obrigações de darmos aos nossos filhos o que não nos deram de amor, liberdade, fraternidade e amizade, ao mesmo tempo prepara-los para o futuro mais incerto dos últimos trinta anos.
Apesar de tudo isso, ficamos nós, entre o passado recente e o resto do futuro, eu não consigo deixar de sentir essa inquietude, essa força que me invade quando menos espero, esse brilho que me transporta para além de mim, me une ao mar, à lua, ao calor do sol, e me faz sonhar, fazer versos, desejar ser livre da minha carga pesada muitas vezes para os meus ombros que rangem ao seu peso!
Quero esquivar-me deste espaço físico, onde espero um amor puro e forte, uma paixão desmedida, onde eu vou ser o resto da miúda exaurida na paixão imensa de entrar no mar numa noite quente de luar, nua para ti de preconceitos, etiquetas e papel de embrulho.
No teu abraço fechado, nos teus braços fortes, sei que me vou perder em ti, no teu cheiro e no teu calor.
Vou voltar a orgulhar-me da minha capacidade de amar, vou tocar-te todos os dias como se fosse a primeira vez e a ultima vez, em que me entrelaço em ti, me envolvo nesse brilho da minha inquietude de ser para ti.
Inquietude sim, isso sim!
Um manifesto sinal que ainda não me rendi, nem a mim!
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