MESMO QUE O TEMPO PASSE!
...
Não há nada que me faça dormir hoje!
Deixo de resistir...
Volto para o PC, ponho uma música a tocar, coloco os auscultadores, acendo um cigarro... e escrevo, numa tentativa absurda de te afastar...
Eu não te queria. Que direito tinhas de quebrar todas as barreiras? De invadir todos os espaços e, depois de os fazeres teus, me deixares aqui sozinha? Dou por mim a começar a odiar-te...
Agarro-me a todas as coisas boas, mas elas acabam por não me satisfazer e tornam-se ainda piores. E tu regressas de novo, tu a quem me rendi desde o início. E essa recordação é mais forte do que eu. Ou tu é que és, porque voltas sempre... ainda com mais força.
Eram tantas as certezas. Envolvi-me em cada gesto de ternura, em todas as palavras imensas que proferias, fiquei sem argumentos perante esse jeito sereno e seguro. E acreditei...
Disseste-me um dia, dependência maldita, que só te sentias tranquila quando eu estava nos teus braços. Que só assim não te preocupavas se eu estava bem ou não, porque estava contigo! Pergunto-te então, onde estás tu agora? Agora que preciso e que me dói. Onde estás tu agora que preciso de sentir o teu abraço, que só aí me sinto bem?
Dou por mim a encontrar-te em todo o lado... A toda a hora... Em qualquer lugar! "Vejo-te" nos teus pequenos pormenores, no cheiro do gel de banho e do champô que usas, na maciez da tua pele de veludo, nas músicas que oiço e me falam de ti, até nesta maldita música, que me acompanha neste momento em que escrevo, e que oiço até a exaustão.
Dou por mim à espera. Toca o telemóvel e penso que és tu... tens que ser tu. Só podes ser tu. Mas não és. Cada vez menos és... Já não me ligas como antes o fazias... Não queres ouvir-me... e quando me ligas nem uma palavra de amor, tantas vezes repetidas, e que agora já nem sequer são pronunciadas... Talvez nem sequer sentidas! E dói. Dói tanto!!!
Eu tento, sabes, eu juro que tento, viver um dia a dia normal, sorrir e fazer sorrir alguém, tento continuar e não pensar em ti, porque tudo passa, é o que dizem, e eu sei que tudo passa.
E no entanto sei que não há nada que possa fazer. Porque tu não vais embora! Vais ficar sempre...
Sei que tenho que aceitar porque os sentimentos não se pedem nem se obrigam. Eu sei. Mas em determinado momento, já não me interessa o que sei.
Se adiantasse eu pedia-te que te fosses embora! E dizia-to com as lágrimas nos olhos e com uma profunda dor indescritível... Dizia-te que já não te quero nem te amo mais, não como já te amei!
Pedi-te que me aceitasses com todos os meus defeitos, com as minhas teimosias e inseguranças, com as minhas incoerências e incertezas, com o meu egoísmo e os meus extremos, com a minha carência de ti, porque foi tudo isto que te entreguei juntamente com a minha alma... como realmente sou e só sei ser! Não como querias que eu fosse!
Mas tudo não passaria de uma mentira, porque o que eu realmente quero é que voltes, só que não como és agora... se já não me amas!
Queria que voltasses como eras outrora, como te conheci!