Procuro por ti!
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Não sei de ti, onde paras, que fazes, que pensas…Sinto a tua falta, perco-me, desoriento-me, não sei para onde ir, nem o que pensar!
Às vezes és assim, isolas-te de ti e de mim, precisas de tempo, de espaço, falo de ti ou de mim?
Sinceramente não sei de quem falo, provavelmente de mim e de ti, talvez não tenhamos sabido fazer um espaço comum, o tal de nós!
Tempos bons, preenchidos de bocados de céu, bocados de sonho salgados e doces, num banho de corpos unidos e suados.
A tua boca na minha testa, a tua mão na minha alma, a partilha do bom da vida, da recordação dos sorrisos de criança, as diabruras, os passeios na quinta, as idas ao circo e ao cinema.
Essa partilha da alma e do coração de uma vida cheia de amores e de emoções quentes com cheiro a torradas e mel.
A felicidade contida na esperança de uma vida com futuro sorridente e cheio de amor para dar e receber, a crença de a continuação dessa serenidade. Talvez a recusa em embarcar numa paixão assolapada, numa viagem perto da loucura, onde haveria nem o meu nem o teu, apenas o nosso!
A chegada dessa idade malandra, nem para trás nem para a frente, que nos deixa exauridos de estacionados. Talvez rendidos em nome do eventual sucesso dos filhos, mas não é só isso que queremos, não!
A nossa alma reclama o sonho de volta, o coração emana desejos de beijos e abraços, o corpo implora pela nossa não rendição, e nós estamos assim de estacionados, quebrados pelos desgostos e contratempos, mas será que não valerá a pena, continuar a lutar, contra essa maré que nos turva a força de amar?
Assim sigo sonhando com esse “sonho” de te voltar a encontrar, seja em que corpo for, seja em que dia for, assim te busco na cama ainda quente desde o dia em que te foste. Embalada nessa recordação meiga, desse beijo salgado e doce, que despertava o meu corpo, apesar do sonho pesado, de um dia longo e cansativo.
Despertavas-me apenas com um leve toque ao longo de meu corpo, esse arrepio fantástico na minha espinha, embrulhando-me na união do meu corpo ao teu corpo, perdia-me de mim na loucura do desejo dessa entrega da alma, corpo e coração. Tu sorrias com serenidade de tanto amor impossível, tornado realidade naquele momento único, ao lusco- fusco apenas adivinhava os contornos do teu corpo imponente ao render da minha entrega, o teu sorriso preenchia-me a alma, fazia-me sentir que era tua e para ti.
Momentos bonitos de entrega total terão sido apenas um sonho em que te desejei?
Sei que não, sei que a nossa verdade amada perdura em mim, e em ti, também! Não sei se o nome certo é nós, também pouco me importa, o que realmente conta é esse bocado conquistado à dureza da vida, esse pedaço de algodão doce roubado à lua, com sabor a mar, essa recordação doce que me faz procurar-te na cama, na busca desse sorriso sereno e doce.
A vida segue impiedosa sem hesitar na contagem do tempo, à nossa volta, para além de nós tudo se modifica, uns crescem, outros partem, e cá continuamos meios rendidos a todas estas transformações.
Mas no fundo seguimos sonhando porque temos uma réstia de esperança de voltar a viver um amor, ainda que seja mais sereno mas que seja puro e verdadeiro!
Um dia numa noite de lua cheia e temperatura amena quem sabe?