Metade de mim!
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Acordei meia perdida com o chilrear dos passarinhos, a luz batia, ténue, na janela. Metade de mim buscava o teu corpo, o teu cheiro, o teu desejo gravado na memória do que tinha sido o adormecer. A outra metade, recolhida, ensonada, apenas buscava a tua mão, o teu colo e a tua protecção!
Senti-me perdida nas minhas duas metades. Aos poucos fui-me dando conta que elas raramente se juntam. Embrulham-se no desejo de ser amada e de amar, nesse sentimento forte da paixão da entrega dos nossos corpos, suados e trémulos. A paixão é uma entrega sem igual, o entrelaçar dos corpos, como se apenas se tratasse de um só corpo, as mentes atadas no mais profundo jogo de sedução, o toque, o beijo, o olhar que nos despe a alma, e aquele abraço no fim… A troca de olhares cúmplices, e aquele abraço que nos embala num sono profundo e sonhado de um amanhã mais tranquilo, na esperança do nosso pequeno lugar ao sol!
Mas como me vou dando conta que metade de mim é uma menina perdida na luz do luar, com tanto medo da tempestade, da trovoada... Carente, envergonhada, a precisar do teu regaço, da tua protecção!
Viro-me e reviro-me, zangada por ser assim, porque temo que o tempo te afaste e te canse, de ser o “guiador da noite”!
Encontro de novo a mulher forte, que tão bem te sabe amar, que te desamarra os atilhos que a vida te foi impondo, que afasta o posso, e te transforma no quero!
E, soubesse eu cantar, embalava-te ao som da minha menina triste, que tu com o teu olhar perdido de amor, saberias afastar. Com o teu expirar ias consegui-la afastar de mim, para eu puder ser livre de vez, da dor.
É muitas vezes neste caminho inseguro que me canso de mim.