Reflexos de Luz
Postado por
Maria Sá Carneiro
em domingo, 30 de agosto de 2009
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Pedaços de mim embrenhados na luz do mundo, deste mundo e de todos os mundos por onde vagueio, perdida na sombra, ao frio, procuro luz de Mãe, luz de Pai e de Tio, palcos cobertos de figurantes num cenário perfeito de luz e de contrastes, onde só eu mesma me encontro deslocada, colada com cuspe a um filme que aderi por medo.
Medo de te ver luz branca, brilhante, pura como eu sempre procurei, mas onde não há lugar a fantasias rosa, pois tu luz não te deixas enganar na minha velha cantiga, de rocha segura!
Bem sabes que por dentro estou a ficar oca e vazia, de tanto brincar às cores, que em nada condizem com a minha alma, e o meu coração dorido. Naquele dia em que te vi, pela primeira vez, sentiste ansiedade no meu olhar, como tenho buscado por ti toda a vida, quando sempre estiveste dentro de mim, a meu lado, esperando que eu parasse para te puder contemplar.
Atropelei-me para não parar, a dor era insuportável para o conseguir fazer, assim segui correndo, contra mim e contra todos, ignorando os teus ténues e firmes avisos, que….Estavas mesmo à minha frente, baralhei mundos, semeei tempestades e bonanças, para pura e simplesmente:
Não te ver luz!
Quanta cobardia agora me dou conta, tanta coragem engalanada, quanta correria e canseira, tantos figurantes desperdiçados em filmes perdidos em nome de coisa nenhuma!
Assustada por te encontrar, para ser branda com as palavras, mas determinada a não me perder mais de ti, a dar-me esse tempo, pois o luto já terminou neste e no outro mundo há muito, chega de mentir a mim mesma, por isso colei-me nesse olhar puro, mas forte que me trespassou mas ao mesmo tempo, me deu uma nova esperança, que não terei que me mutilar mais para poder ser apenas eu!
Maria
Fotografia – Manuela de Sá Carneiro
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