Ilhas!
Postado por
Maria Sá Carneiro
em sábado, 26 de junho de 2010
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Pedaços de nós isolados em pequenas ilhas, refúgios de dor, de saudades. Espaços vitais para nos recolhermos! Pararmos para não nos esquecermos da nossa essência, dos nossos valores e princípios. Nessa luta interior de não cedermos a essa gente excitada, embrulhada em momentos de êxtase, pintalgados de álcool, ou de brilho com banho de oiro. Malta daqui e de acolá convencida que esses momentos são os que realmente contam! Esquecidos da sua simples condição humana, que também adoece, cai, tropeça...
Esse sentimento tão bonito e grande, solidariedade!
Por vezes é necessário o silêncio, para nos ouvirmos. A ausência para entendermos de quem realmente gostamos e quem realmente nos faz falta. O mundo cada vez roda mais depressa, pela dificuldade ou quase impossibilidade de as pessoas quererem pensar. Vivem para essa aparência, entre o mau "génio" e a falta de coragem para com sinceridade, esclarecer o que está mal, o que não lhes agrada, nesse esforço que deveria ser um gosto pela conquista do entrelaçar e cruzar de sentimentos e palavras.
Sinto-me tantas vezes deslocada na minha roupa supimpa do outlet, assim como que quase ridícula perante essas "marcas potentes", imaculadas a qualquer critica. Tantas vezes brigo assim de mim para mim, na procura desse, que só pode ser defeito meu, de não ser capaz de ir fingindo que nada se passa, quando de facto passa-se. Não falo de capas, pois essas todos temos que ter, falo mesmo dessa mágoa de alguns gestos tão mesquinhos capazes de fazer sangrar. Esses olhares de cima do ombro que quando estamos mais frágeis nos fazem sentir assim tão insignificantes.
Na confusão que me faz esse milagroso estado de graça que de repente alguém nos envolve, com um toque de varinha viramos quase génios, passamos a ser "adorados", diferentes, fazem-nos sentir assim embrulhados numa áurea, conseguem fazer com que o nosso coração ceda assim a esses amores repentinos e desmesurados, aos quais já tinhamos prometido não ceder. Mas tantas vezes não nos é possível resistir, nessa imensa solidão que tantas vezes nos atinge, assim nos vamos afundando mais nessa distância da verdade e da ilusão.
Às vezes é mesmo preciso parar, ganhar alguma distância, para que não nos deixarmos abater nesse abismo de diferenças! Ganhar alguma lucidez, e nesse recolhimento chorar essas lágrimas que já vão ganhando ferrugem, de tanto serem engolidas, lamber as feridas e tentar preservar o melhor que possamos ter em nós.
A verdade!
Maria Sá Carneiro
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