Liberdade
Postado por
Maria Sá Carneiro
em quarta-feira, 30 de abril de 2008
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Este texto foi escrito pela minha filha Chica. A Chica fez 17 anos na semana passada, achei uma reflexão interessante.
Liberdade
É com esta idade que o conceito de liberdade começa a crescer cá dentro. Primeiro como um ponto, que vai engrossando, ficando mais negro, como se fosse, passo a passo, conquistando o seu lugar no círculo ao qual chamamos vida.
Em miúdos chamamos liberdade a poder comer um gelado de pau e não de copo; chamamos liberdade a poder sujar a roupa e brincar em qualquer lado; chamamos liberdade a poder desarrumar o quarto todo e ficar rodeado de brinquedos de todas as cores, que levam a nossa imaginação a outro mundo.
Ao crescer, sentimo-nos mais livres, as chaves de casa, a ida ao cinema à noite, o primeiro copo, o primeiro beijo, a primeira paixão, a amizade que vai durar para sempre. Vamos para aqui e para ali, e a liberdade são os nossos amigos, isso sim, esses que nos acompanham nesse conjunto de fases, que, em suma, são um número de acontecimentos parvos que fazem parte de crescer, sorrir e viver, e que, consequentemente, nos fazem amadurecer.
Começam também a surgir as primeiras zangas, as desilusões, aquela fase em que dá vontade de gritar com todos, de que tudo vá para outro lado, de ficar isolado apenas a ouvir a música aos berros, a chorar e a comer chocolate, o amigo que mais tarde acaba por engordar e o qual temos de abandonar porque começa a aparecer a banhinha de lado e o corpo de pequenina desaparece.
Aí vem a liberdade de ir a casa de A, de B, de C, de ir almoçar fora, ir sair e não ter horas para voltar, dançar, beber, saltar, gritar, estudar e não fazer que estudar. Preocupações de futuro, notas a ter de subir, objectivos a alcançar e um meio social para manter! Ir à festa da Joana, da Rita, da Ana e da Mariana. Ai as unhas estragadas, por pintar, ai o top que já se usou ontem, a saia que aperta, o soutien que não condiz com as cuecas.
Idas ao ginásio, dietas malucas, depressões, dias em que o período parece nunca acabar e que dá a sensação de se ser a mulher mais feia do mundo, ou então, dias em que parece que brilhamos, que o sorriso é observado por tudo e todos, que o colar condiz, o decote fica bem e as calças estão mais largas, vem a sensação do estar gira e de ser aceite pelo mundo.
Mas afinal, o conceito de liberdade no meio disso é o quê? Ser rebelde e não estudar? Estudar e não viver? Fumar, beber e curtir? Acreditar nos sonhos cor-de-rosa? Ver tudo escuro?
A cabeça é um ser estranho, muito complicado. Há que saber aceitá-la, entendê-la, estudá-la, saber contrariá-la e ainda, aprender a fazê-la crescer.
Ao olhar à minha volta, sei que o que mais tenho é esse mundo, do qual me tento afastar e, embora saiba que dentro dele estou várias vezes e que por todas as fases passei, tento ter consciência dessa minha parte que entra no ser estranho e complicado, a cabeça.
Sei que cada um a complica à sua maneira, ao seu jeito, mas também sei que é bom reconhecer isso e no mínimo, pode-se dizer que é o primeiro passo para tentar alterar essa tendência que é o da opção fácil.
“Hoje não estou bem, porquê? Não sei.” Típica resposta… também minha, mas porquê? Qual a razão do não estar bem? Talvez seja essa a questão mais importante que ninguém faz, ou que ninguém tem a coragem de fazer.
Vivemos numa sociedade de aparências, de preocupações sem razão, e isso vê-se nos jovens, e quando crítico, critico-me a mim também, mas tento ter esta preocupação e alertar-me a mim mesma.
Ser livre, neste momento, acho que também passa por aí, por saber rir, aproveitar, tirar partido de todos os momentos, ver sempre um pedacinho especial e sentir o bom desse mesmo pedacinho, porque tudo tem um lado bom, há que aprender a saber vê-lo, saboreá-lo e guardá-lo para quando o pedacinho maus tentar sobrepor-se.
Conciliar o viver com o saber viver e o ter de viver, é o objectivo. Isto é, desfrutar de todos os momentos, aprender a superar os maus, crescer com eles e a aceitar que eles vão estar sempre presentes, sempre. Desilusões, tristezas, irão acompanhar-nos neste longo percurso, temos de as aceitar e de perceber que são elas que nos fazem crescer. No meio destas despreocupadas preocupações tem de haver a força para um dia ultrapassar uma preocupação a sério, tem de haver a força de saber sorrir, sempre, de se saber viver, de se ser livre e aproveitar o simples gesto de comer uma bolacha, de andar de carro ou até de passar de um lado da rua para o outro.
Nós damos a cor à nossa vida, é isso que temos de fazer, é essa a nossa liberdade e aquilo que um dia nos fará concluir um percurso de vida, aquele por que lutamos.
Em miúdos chamamos liberdade a poder comer um gelado de pau e não de copo; chamamos liberdade a poder sujar a roupa e brincar em qualquer lado; chamamos liberdade a poder desarrumar o quarto todo e ficar rodeado de brinquedos de todas as cores, que levam a nossa imaginação a outro mundo.
Ao crescer, sentimo-nos mais livres, as chaves de casa, a ida ao cinema à noite, o primeiro copo, o primeiro beijo, a primeira paixão, a amizade que vai durar para sempre. Vamos para aqui e para ali, e a liberdade são os nossos amigos, isso sim, esses que nos acompanham nesse conjunto de fases, que, em suma, são um número de acontecimentos parvos que fazem parte de crescer, sorrir e viver, e que, consequentemente, nos fazem amadurecer.
Começam também a surgir as primeiras zangas, as desilusões, aquela fase em que dá vontade de gritar com todos, de que tudo vá para outro lado, de ficar isolado apenas a ouvir a música aos berros, a chorar e a comer chocolate, o amigo que mais tarde acaba por engordar e o qual temos de abandonar porque começa a aparecer a banhinha de lado e o corpo de pequenina desaparece.
Aí vem a liberdade de ir a casa de A, de B, de C, de ir almoçar fora, ir sair e não ter horas para voltar, dançar, beber, saltar, gritar, estudar e não fazer que estudar. Preocupações de futuro, notas a ter de subir, objectivos a alcançar e um meio social para manter! Ir à festa da Joana, da Rita, da Ana e da Mariana. Ai as unhas estragadas, por pintar, ai o top que já se usou ontem, a saia que aperta, o soutien que não condiz com as cuecas.
Idas ao ginásio, dietas malucas, depressões, dias em que o período parece nunca acabar e que dá a sensação de se ser a mulher mais feia do mundo, ou então, dias em que parece que brilhamos, que o sorriso é observado por tudo e todos, que o colar condiz, o decote fica bem e as calças estão mais largas, vem a sensação do estar gira e de ser aceite pelo mundo.
Mas afinal, o conceito de liberdade no meio disso é o quê? Ser rebelde e não estudar? Estudar e não viver? Fumar, beber e curtir? Acreditar nos sonhos cor-de-rosa? Ver tudo escuro?
A cabeça é um ser estranho, muito complicado. Há que saber aceitá-la, entendê-la, estudá-la, saber contrariá-la e ainda, aprender a fazê-la crescer.
Ao olhar à minha volta, sei que o que mais tenho é esse mundo, do qual me tento afastar e, embora saiba que dentro dele estou várias vezes e que por todas as fases passei, tento ter consciência dessa minha parte que entra no ser estranho e complicado, a cabeça.
Sei que cada um a complica à sua maneira, ao seu jeito, mas também sei que é bom reconhecer isso e no mínimo, pode-se dizer que é o primeiro passo para tentar alterar essa tendência que é o da opção fácil.
“Hoje não estou bem, porquê? Não sei.” Típica resposta… também minha, mas porquê? Qual a razão do não estar bem? Talvez seja essa a questão mais importante que ninguém faz, ou que ninguém tem a coragem de fazer.
Vivemos numa sociedade de aparências, de preocupações sem razão, e isso vê-se nos jovens, e quando crítico, critico-me a mim também, mas tento ter esta preocupação e alertar-me a mim mesma.
Ser livre, neste momento, acho que também passa por aí, por saber rir, aproveitar, tirar partido de todos os momentos, ver sempre um pedacinho especial e sentir o bom desse mesmo pedacinho, porque tudo tem um lado bom, há que aprender a saber vê-lo, saboreá-lo e guardá-lo para quando o pedacinho maus tentar sobrepor-se.
Conciliar o viver com o saber viver e o ter de viver, é o objectivo. Isto é, desfrutar de todos os momentos, aprender a superar os maus, crescer com eles e a aceitar que eles vão estar sempre presentes, sempre. Desilusões, tristezas, irão acompanhar-nos neste longo percurso, temos de as aceitar e de perceber que são elas que nos fazem crescer. No meio destas despreocupadas preocupações tem de haver a força para um dia ultrapassar uma preocupação a sério, tem de haver a força de saber sorrir, sempre, de se saber viver, de se ser livre e aproveitar o simples gesto de comer uma bolacha, de andar de carro ou até de passar de um lado da rua para o outro.
Nós damos a cor à nossa vida, é isso que temos de fazer, é essa a nossa liberdade e aquilo que um dia nos fará concluir um percurso de vida, aquele por que lutamos.
Chica Sá Carneiro
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