Cantigas de "bandido"
Postado por
Curiosa Qb
em sexta-feira, 20 de junho de 2008
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Na véspera de Santo António, como é hábito no meu círculo, o destino é Alfama. Num pátio privado, onde as contribuições para a ementa tradicional são sempre bem cumpridas e reina a boa disposição, o lema é “traz outro amigo também”. Na noite em que desfilam as marchas bairristas, sempre aparece alguém embriagado pelos manjericos, compondo o ramalhete com o pior da poesia popular. Eis um exemplo duma quadra mal metida:
Lá fora na rua, um agrupamento musical iniciava o “Cheira a Lisboa”, quando o ancião do pátio me estendeu a mão em convite para uma dança, que aceitei colocando de lado o cigarro que acabava de acender. Terminados os passos e entre dois dedos de prosa com aroma a inquérito, o senhor fez questão de me apresentar o neto, retirando-se com um pretexto qualquer. Mais um armado em Santo António – pensei com os meus botões.
A conversa logo se revelou enfadonha, esperando a primeira oportunidade para me escapar educadamente. Preparei-me para fumar um cigarro, procurando na mala o isqueiro que teimava em não aparecer, quando o mocinho me disse: por acaso...? Cedi-lhe um cigarro do maço. Completou a frase enfeitada dum risinho: por acaso não é um extintor? É que estou a arder. Estagnei por segundos, não querendo acreditar no piropo fatela que acabava de ouvir. Indecisa entre o “vai sozinho ou precisa que o mande?” e mais umas quantas que voaram na minha cabeça, dei meia volta e fui saborear o meu cigarro junto dumas amigas que gargalhavam da situação.
No salto de dois cigarros o tempo duma dança e o mote para as conversas que se arrastaram pela noite. Entre as mulheres a sentença foi dada: no que toca a sedução, é proibido canastrão. Havendo gostos para tudo, que não se discutem, nisto de cantigas de “bandido” convém que o radar esteja a funcionar, a modos que o “É proibido fumar” nem sempre soa bem, sendo que o charme é daquelas coisas, ou se tem naturalmente ou não se tem.
Lá fora na rua, um agrupamento musical iniciava o “Cheira a Lisboa”, quando o ancião do pátio me estendeu a mão em convite para uma dança, que aceitei colocando de lado o cigarro que acabava de acender. Terminados os passos e entre dois dedos de prosa com aroma a inquérito, o senhor fez questão de me apresentar o neto, retirando-se com um pretexto qualquer. Mais um armado em Santo António – pensei com os meus botões.
A conversa logo se revelou enfadonha, esperando a primeira oportunidade para me escapar educadamente. Preparei-me para fumar um cigarro, procurando na mala o isqueiro que teimava em não aparecer, quando o mocinho me disse: por acaso...? Cedi-lhe um cigarro do maço. Completou a frase enfeitada dum risinho: por acaso não é um extintor? É que estou a arder. Estagnei por segundos, não querendo acreditar no piropo fatela que acabava de ouvir. Indecisa entre o “vai sozinho ou precisa que o mande?” e mais umas quantas que voaram na minha cabeça, dei meia volta e fui saborear o meu cigarro junto dumas amigas que gargalhavam da situação.
No salto de dois cigarros o tempo duma dança e o mote para as conversas que se arrastaram pela noite. Entre as mulheres a sentença foi dada: no que toca a sedução, é proibido canastrão. Havendo gostos para tudo, que não se discutem, nisto de cantigas de “bandido” convém que o radar esteja a funcionar, a modos que o “É proibido fumar” nem sempre soa bem, sendo que o charme é daquelas coisas, ou se tem naturalmente ou não se tem.
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