Aniquilando a Humanidade
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Via O Estado de S. Paulo Digital:
Jogo à venda livremente simula violência contra menor
Jogador precisa fotografar vítimas nuas e chorando e obrigá-las a abortar para conseguir vencer
Renato Machado - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - A história começa quando um jogador encontra a mulher em uma estação de metrô e começa a molestá-la. Os estupros acontecem primeiro no trem e depois em um parque da cidade. Se o autor conseguir fotografar a vítima nua e chorando, ele consegue acesso às duas filhas e também as violenta e obriga todas a abortar. Não, não se trata de mais um caso de violência das ruas. Esse é o enredo e objetivo do jogo japonês de computador Rapelay, que está criando polêmica no mundo todo e é vendido livremente na internet e em algumas ruas de São Paulo.
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O Rapelay foi produzido em 2006 pela empresa japonesa Ilusion e no fim do ano passado começou a chegar a outros países. Na maioria, ele foi banido, embora continue sendo oferecido em sites de compartilhamento de dados. O jogo chegou a ser vendido pelo site Amazon, mas depois foi retirado por causa da repercussão negativa.Além de ter como foco a violência sexual, o jogo também choca ao mostrar casos de pedofilia, pois uma das vítimas usa um uniforme de estudante colegial e a outra tem 10 anos de idade, segundo as resenhas publicadas sobre o jogo. O estupro contra a segunda é feito em um quarto com ursos de pelúcia. Após elas engravidarem, o criminoso tem de convencê-las a abortar, ou será jogado por elas nos trilhos do trem.
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Impunidade
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O caso está sendo investigado pelo Grupo de Repressão a Crimes Cibernéticos do MPF, mas alguns fatores impedem um maior combate ao jogo. De acordo com o procurador da República Sérgio Suiama, uma das dificuldades para abrir uma investigação criminal é que a legislação brasileira não tipifica o abuso sexual simulado de crianças, adolescente e adultos. "É um absurdo um jogo em que o objetivo seja um estupro, mas infelizmente não há preceitos legais para analisarmos o caso. Ele faz parte de uma grande discussão jurídica sobre até onde vai a liberdade de expressão e onde começa o crime", diz.O procurador acrescenta que o jogo é vendido somente de maneira ilegal - produtos piratas - e não em estabelecimentos formais. "Se há locais estabelecidos no Brasil vendendo, nós vamos agir contra eles. Mas quase tudo é fruto de pirataria ou está difuso na internet para ser baixado. Os serviços de compartilhamento de dados não estão hospedados no Brasil nem são geridos por brasileiros", diz Suiama.